Tapete vermelho para ciclistas
Pedalar no ciclovia da marginal Pinheiros, além de meio de transporte, tornou-se um dos programas de fim de semana
Pedalar por 14 km sem ser importunado por buracos, semáforos, congestionamentos
ou buzinas deixou, desde fevereiro, de ser uma fantasia para o paulistano. A ciclovia da marginal Pinheiros, que fica na lateral da via, entre a linha de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o rio Pinheiros, no trecho que vai da estação Vila Olímpia, da CPTM, até a avenida Miguel Yunes, em Interlagos, já foi incorporada como opção de transporte e lazer por um significativo número de ciclistas paulistanos. São três os acessos: na avenida Miguel Yunes, entre as estações Jurubatuba e Autódromo, na estação Jurubatuba e pela passarela da Emae, que já existia, junto à estação Vila Olímpia, próximo à avenida Juscelino Kubitschek.
E é justamente na longa extensão da pista que está o foco da queixa recorrente dos usuários: o escasso número de pontos de acesso – problema que até dezembro pode estar resolvido, juntamente com o término de um trecho ainda inacabado. A promessa é de Sérgio Avelleda, presidente da CPTM. “Serão inaugurados mais três acessos, totalizando seis”, afirma. “O trecho de 6 km que interliga a Vila Olímpia e a estação Villa-Lobos/ Jaguaré será entregue até o fim do ano, facilitando para quem vem e vai das zonas oeste e norte e possibilitando a integração com o Parque Villa- Lobos”, diz Avelleda. De fato, o número reduzido de acessos à ciclovia dificulta seu uso como opção de transporte, mas transformou-se em um dos mais procurados equipamentos de lazer da cidade – em média, 2 910 ciclistas pedalam à margem do rio todo fim de semana e 196 nos dias úteis, segundo dados enviados pela CPTM. “A ciclovia é uma ótima opção de lazer, pois aproxima o paulistano de sua cidade e proporciona uma convivência com a natureza ainda existente ali”, afirma o ciclista Leandro Valverdes, que há mais de uma década só usa a bicicleta para se locomover na cidade de São Paulo.
“O rio contrasta com as belas construções arquitetônicas no entorno da marginal, como a ponte Estaiada. E há o contato com capivaras, animais que têm como habitat as margens.” No primeiro acesso, entre as duas estações, existe um estacionamento para veículos. Isso facilita para quem tem como transportar a bicicleta até lá. O vendedor Jorge Hideki, de 41 anos, aprecia a opção de poder vir de carro até a ciclovia. “Depois de estacionar o automóvel, é só pegar a ‘magrela’ e curtir o passeio”, afirma. Nas duas extremidades da primeira entrada há banheiros, bebedouros e uma sala de apoio com ferramentas para manutenção das bicicletas. Os novos acessos estarão localizados, segundo o presidente da CPTM, na estação Santo Amaro, na Cidade Jardim e também na entrada denominada Passarela TV Globo, localizada entre a ponte Estaiada e a avenida Morumbi, essa em parceria com a Rede Globo. “Mais entradas para ciclistas são essenciais. Essa ciclovia permite que possa vir tranquilo com meus filhos, sem a preocupação com acidentes ou desencontros. E seu trajeto considerável favorece a prática de exercício, além de poder contar com o trem como transporte, caso o cansaço impeça alguém de pedalar na volta,” diz Zigomar Junior, de 45 anos, comerciante, que, acompanhado da família, frequenta o local desde sua inauguração. Ainda que o ciclista esteja protegido de muitos perigos que atemorizam aqueles que pedalam nas ruas, é bom saber que o asfalto, pintado na cor vermelha, pode ficar escorregadio em dias de chuva. Ao longo do trajeto podem ser vistas placas com limite de velocidade de 20 km/h. E também há sinalização advertindo para a presença de animais: é preciso atenção para com as silvestres capivaras, que fazem das margens sua moradia urbana. Sua presença é tão insólita quanto o simbolismo simbolismo de resistência diante da poluição do rio, ainda mais sentida nos dias quentes, quando o cheiro chega a incomodar narizes mais sensíveis.
Também o visual de detritos ao longo da maior parte do percurso ajuda a compor a lista dos “contras”da ciclovia. No entanto, alguns frequentadores parecem abstrair os pontos negativos diante das vantagens. “A paisagem é convidativa e existem momentos que não dá para lembrar que estamos em São Paulo ou se incomodar com o barulho do tráfego”, afirma a administradora Andreia Hoshida, de 32 anos, ao lado do namorado, o também administrador Ovídio Graneiro, de 34. Prova do sucesso do empreendimento público é que não faltam pedidos para que o atual horário de funcionamento, das 6h às 18h15, seja ampliado. O casal Érica Garcia e Douglas Mello, ambos de 29 anos, considera que para o uso da via como transporte alternativo seria necessário um período maior para atender aqueles que saem mais tarde do trabalho ou da faculdade. De acordo com o presidente da CPTM, essa providência já está em estudo. “O nosso objetivo é que pista não possua horário de funcionamento e esteja aberta 24 horas por dia, a pedidos”, afirma. O projeto prevê iluminação exclusiva para a ciclovia e, em caráter experimental, a instalação de postes, com iluminação alimentada por energia de origem eólica e solar.
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